O corpo do apresentador Silvio Santos foi enterrado na manhã deste domingo (18) no Cemitério Israelita do Butantã, Zona Oeste de São Paulo, em uma cerimônia judaica reservada para amigos e familiares.
Segundo a assessoria do SBT, o sepultamento foi realizado no começo da manhã e terminou por volta das 9h.
Em uma nota divulgada pela família, Silvio havia pedido para ser levado direto ao cemitério, sem velório aberto ao público, para ‘ser lembrado com alegria’.
Uma placa explicando a despedida discreta e pedindo a compreensão de todos foi colocada na frente do cemitério aos fãs.
“À medida que nosso pai ia ficando mais velho, ele ia expressando um desejo dele com relação a sua partida. Ele pediu para que assim que ele partisse, que levássemos ele direto para o cemitério e fizéssemos uma cerimônia judaica. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria com que ele viveu”, diz a nota da família Abravanel.
Pela tradição, o enterro no judaísmo deve ocorrer o mais rápido possível, mas não podem acontecer no sábado por ser shabat, o dia de descanso do judaísmo e que dura do pôr de sol da sexta-feira ao pôr do sol do sábado. Por isso, o enterro de Silvio Santos ocorreu na manhã de domingo.
Segundo a reportagem apurou, a chegada de parentes e amigos no cemitério começou por volta das 6h de domingo. Os últimos carros saíram do local por volta das 9h50.
Fãs também foram até a porta do cemitéro para prestar homenagens. “Eu fiquei muito sentido pela morte dele. Trouxe muita alegria para a gente e vai deixar muita saudade. Por isso, fiz questão de vir aqui”, afirmou o fã Antônio Nunes à TV Globo.
“Desde pequeno fui crescendo e admirando a história dele. Eu pedi para conhecer o programa dele, eu consegui e consegui o autógrafo. Sempre ia atrás dele e ele decorou meu rosto”, afirmou o fã Paulo Sérgio.
Silvio morreu na madrugada de sábado (17), em São Paulo, em decorrência de uma broncopneumonia após infecção por influenza A (H1N1).
Em julho deste ano, Silvio foi internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, para se recuperar do H1N1. Teve alta dois dias depois. Contudo, em 1º de agosto do mesmo ano, voltou a ser hospitalizado.
Silvio faleceu às 4h50 deste sábado (17), segundo o hospital. O apresentador deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978, seis filhas – Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, do casamento com Íris; e Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977 -, 14 netos e 4 bisnetos.
Silvio foi o nome mais importante do entretenimento da televisão brasileira, em especial à frente do Programa Silvio Santos, que comandou a partir de 1963.
Foi, também, dono de um conglomerado bilionário criador de marcas como Jequiti, Tele Sena e Baú da Felicidade – além das emissoras TVS e SBT.
Início como camelô e locutor
Senor Abravanel – nome de batismo de Silvio Santos – nasceu em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Seus pais, Alberto e Rebeca (nome que foi dado uma das filhas do apresentador), eram imigrantes de origem judaica. Foi o mais velho de cinco irmãos.
Silvio estudou contabilidade e, no tempo livre, trabalhou como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, vendendo canetas e outros itens, como capas de plástico para títulos de eleitor na eleição de 1946. Usava a voz também para fazer pequenos trabalhos em uma rádio.
Aos 18 anos, em 1948, serviu o Exército na Escola de Paraquedistas. Aos domingos, trabalhava no rádio e, a deixar a Força, seguiu com os serviços de locução, fazendo, entre outras coisas, anúncios com uma caixa de som na barca liga Rio e Niterói.
Em 1954, já em São Paulo, Silvio assinou o primeiro contrato fixo como locutor, na Rádio Nacional. Depois, foi chamado pelo empresário e radialista Manuel de Nóbrega para ser animador de seu programa.
Na época, Manoel da Nóbrega era dono do Baú da Felicidade, que vendia brinquedos a prazo. Silvio assumiu a empresa em 1958 e, no ano seguinte, passou a fazer shows em circos para vender os populares carnês. Era o início do Grupo Silvio Santos
Também em 1959, Silvio estreia na TV, com o programa Audições, na TV Paulista (canal 5), onde comandou ainda programas como Hit Parade, Quando Maestros Se Encontram e O Grande Espetáculo. O primeiro programa autoral foi Vamos Brincar de Forca, usado para alavancar as vendas do carnê do Baú.
O Programa Silvio Santos, o maior entre os criados pelo apresentador, surgiria em 1963. Em 1965, o programa passou a ser transmitido pela TV Globo, após a compra da TV Paulista – inicialmente para São Paulo e, depois, para todo o país.
Ao mesmo tempo, Silvio apresentava programas – “Festa dos Sinos”, “Sua Majestade: o Ibope”, “Cidade contra Cidade” e “Silvio Santos Diferente” em outra emissora, a TV Tupi.
Silvio adquiriu seu próprio canal de televisão 1975 – o Canal 11, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, inauguraria a TVS e deixaria a Globo.
Silvio ganhou outras concessões e, em 1981, entrou no ar o SBT, da qual o Programa Silvio Santos era a principal atração, com quadros inesquecíveis como Domingo no Parque, Qual é a Música, Show de Calouros e Porta da Esperança.
Com carisma, bordões – “Vem pra cá, vem pra cá” e “Quem quer dinheiro?” – e domínio absoluto da plateia, Silvio chegava a fazer o programa durar mais de dez horas.
Silvio também fez sucesso cantando marchinhas de carnaval, como Coração Corintiano e A Pipa do Vovô, registradas em álbuns entre os anos 1970 e 1990 e, em fevereiro 2001, foi homenageado no Carnaval do Rio pela escola de samba Tradição, com o enredo O Sorriso do Patrão.
Para tudo, já estou aqui. Já cheguei’
Em dezembro de 2020, Silvio Santos comemorou 90 anos sem celebrações públicas, isolado por conta da pandemia, ao lado das filhas.
No dia 1º agosto de 2021, já vacinado com duas doses, Silvio voltou a apresentar seu programa. Semanas depois, contraiu Covid-19 e foi internado, mas se recuperou e voltou a gravar o programa, embora não no ritmo de antes.
Ao som da música de abertura, o apresentador entrou alegre, dizendo “Para tudo, já estou aqui. Já cheguei!”.
Foi a primeira brincadeira de muitas que ainda divertiriam o público. Seria a última edição do programa gravada pelo apresentador.
Com informações do G1