Léo Batista diz que morte de Senna foi notícia mais difícil de dar

Ícone do jornalismo esportivo, o narrador Léo Batista participou na manhã desta terça-feira do programa Redação, da Sportv. Com 79 anos de idade, ele se mostrou antenado com o que acontece no mundo esportivo e elegeu a morte de Senna a cobertura mais difícil que teve que fazer em sua longa carreira, que começou em 1947 e inclui até mesmo a morte de Getúlio Vargas no currículo.

“Eu estava com o ponto no ouvido e entendo um pouco de italiano, e lá eles falavam que ele já tinha perdido massa encefálica e eu pensava ‘Como assim?’ e fiquei desesperado chamando o Cabrini para entrar no ar, aí ele entrou e disse que realmente o Senna tinha falecido. Infelizmente, tive que dar a notícia. Fico arrepiado até hoje só de lembrar”, confessou.

Entre as curiosidades, ele contou que é muito abordado pelas pessoas na rua. Às vezes, nem sempre de modo assim tão lisonjeiro. “Uma vez uma senhora chegou e disse: ‘O senhor é o Léo Batista? Ah, eu assisto sempre o senhor na TV, mas o senhor na TV tem uma pele lisinha, tem uma cara boa, porque o senhor não é mais garoto, mas agora eu estou olhando o senhor, pessoalmente o senhor tá bem encarquerado”, contou.

O narrador disse que ficou envergonhado, mas deu o troco na mesma moeda. “Falei: ‘Minha senhora, faz um favor. Olha, eu uso lá na TV a maquiagem, tem um produto alemão, tem um americano que a minha filha me manda lá de Miami, mas esses produtos estão à venda. Lá em Ipanema tem uma senhora que tem uma lojinha e ela vende esses produtos. Se a senhora quiser, eu dou o endereço e o telefone, a senhora usa e a senhora também vai melhorar para caramba”, disse.

Batista disse que sempre ouviu muito rádio, desde criança. Ele chegou a ser narrador de alto-falante no interior de São Paulo, ainda com 15 anos. Destaque no rádio, ele foi ganhar a televisão apenas anos depois, já na cidade carioca.
“Eu vim para o Rio de Janeiro em 5, na rádio Globo. Eu era narrador de rádio, até porque não tinha televisão. Televisão no Rio de Janeiro veio em 55. Em 74, rapaz, hoje a nossa equipe vai com no mínimo 150, 200, 800, um milhão, sei lá, ainda fora os que contrata. Eu fui só com o Edson Ribeiro, o Orlando Moreira, enfim eram três ou quatro pessoas. O Armando Nogueira chefiando e o cara do dinheiro para pagar as viagens. E cheguei na Copa da Alemanha e cobri sozinho como repórter “, lembrou.

Léo também lembrou de bizarrices que já teve que narrar no Esporte Espetacular. “O pior que tinha, as duas coisas mais estranhas eram cuspe à distância, o cara ficava, aquela multidão torcendo, o cara ficava mascando fumo, que coisa porca, horrível, e eu tinha que narrar aquilo no início. Os mais antigos se lembram disso, não é brincadeira. E a demolição, era um monte de carros numa arena, enlameada ou empoeirada e se batendo, se matando lá, não sei como é que não morriam os pilotos, até que sobrava um carro. O último tudo despedaçado, fumaceando e tal, ganhava”, contou.

Para finalizar, ele ainda gravou as chamadas do É gol, programa que passa em seguido ao Redação, lembrando os velhos tempos de apresentador.

 

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