Jornalista e comediante, que não vê problemas em aliar as duas coisas em  seu trabalho. Internauta com grande sucesso nas redes sociais, tanto que  em pesquisa realizada pela Twitalyzer, serviço independente que mensura  a popularidade no Twitter, foi considerado o dono do perfil mais  influente do microblog em todo mundo. O levantamento divulgado no fim do  mês passado chegou a ter destaque no jornal americano The New York  Times. 
O dono deste perfil é Rafinha Bastos, que além de tudo  divide seu tempo de trabalho entre dos programas da Band – CQC e A Liga;  os shows de Stand up Commedy, em todo o Brasil; e a direção do bar de  humor que foi criado em parceria com Danilo Gentili, o Comedians Club. O  repórter também comemora o sucesso de A Arte do Insulto, seu primeiro  DVD, que foi lançado no fim de março.
Em entrevista, Rafinha conta seu início de carreira no Rio Grande do Sul,  o trabalho corrido nas gravações de A Liga, a forma que foi convidado  para fazer parte do CQC e o orgulho de perceber a sua importância nas  redes sociais.
Confira:
Como foi o início de carreira na televisão?
Eu  já trabalho em TV desde 1995, trabalhava no sul. Vim para São Paulo  realmente para tentar trabalhar em televisão e acabei migrando  definitivamente para a comédia.
E qual foi sua reação quando foi convidado pela Band para fazer parte do CQC?
A  (equipe da) Bandeirantes foi me assistir no teatro e falaram “você  seria ideal para esse projeto”. Fiquei muito feliz, porque não tinha  mais aspiração nenhuma de fazer nada em televisão aberta e começaram a  aparecer projetos diferentes, que tinham a ver comigo e foi perfeito.Mas  tinha receio de sua parte em aceitar o convite para fazer parte do CQC?  Porque você até brinca que achava que iria dividir a bancada do CQC com  o José Luiz Datena e Márcia Goldschmidt.Eu achava que a  Bandeirantes iria colocar pessoas renomadas na televisão aberta para  apresentarem o programa, como a Márcia e o Datena, mas não foi o caso,  ninguém era conhecido na grande mídia quando a gente começou a fazer o  CQC. E ao mesmo tempo, o programa venceu pelo formato e não pelas  figurinhas e isso me dá muito orgulho.
Sendo um dos brasileiros que mais tem seguidores no Twitter, você ainda tem receio de publicar alguma coisa no microblog?
Tem  coisa que eu acho que não tem sentido de falar, só isso, mas eu nunca  deixei de fazer uma piada, ou falar alguma coisa. Eu acho que acaba  sendo um pouco de função minha, como comediante, de ser livre. A gente  tem uma comédia meio bundona no País. Sempre quis ser livre e tenho  liberdade para falar o que quero nos programas que falo e também na  internet. E sei que o público espera isso: que eu fale o que estou  pensando.E sobre a internet, mesmo com essa expansão da web, você acha que o artista ainda busca ter espaço na TV?
Eu  não buscava (trabalhar mais na televisão), estava feliz com meu  trabalho no teatro, com peças lotadas, tinha a página do Rafinha e  outras representatividades na internet.  Eu vejo essa minha  representatividade na internet com o mesmo orgulho que tenho do meu  trabalho na televisão. E acho que no futuro meu sucesso migrará mais  para a internet do que para a TV.
| Rafinha Bastos informa ter orgulho de seu trabalho na internet. (Imagem: Divulgação) | 
Sucesso na internet e televisão, mas, além desses dois meios, você tem algum projeto de trabalhar em rádio?Não  tenho a menor vontade de trabalhar em rádio. Eu acho o rádio um veículo  limitado. Sei que é ignorância da minha parte, mas é que sempre gostei  de trabalhar com imagem. Até cheguei a fazer um programa na 89 FM, era  super legal, mas acho genial você poder mostrar (os apresentadores).  Ficar só falando, num estúdio, não vejo muita graça. Mas seu interesse na TV é só em ver a sua imagem na telinha?Não,  eu acho fenomenal tudo que se relaciona ao vídeo, nem nunca imaginei  que ficaria tão exposto (nas frentes das câmeras) como estou hoje. Gosto  de trabalhar com edição e produção. A TV é um veículo fascinante. Fiz  faculdade de jornalismo por causa da televisão, independente de aparecer  ou não.
Você esperava todo esse sucesso de A Liga, que chegou a ganhar o premio APCA como melhor programa jornalístico da TV em 2010?Muito  mais, não chega nem perto do que o programa ainda vai ser. É um formato  muito diferente, a gente se envolve pessoalmente com as histórias. É  completamente contra aquilo que aprendi na faculdade, que tem que ser  imparcial, que não se pode ter um lado. Não, lá (na A Liga) a gente toma  por um lado mesmo, abraça as causas, conta as histórias de dentro para  fora. Talvez por isso deve ter gerado um desconforto quando o programa  estreou, com um formato muito radical.
Como que é mesclar o trabalho no CQC, com A Liga, as apresentações de Stand-up?
Independente  do formato do trabalho, de ser jornalístico ou humorístico, eu faço o  que quero. Tem um pouco da minha personalidade em cada um dos programas.  Eu sou realmente formado em jornalismo, mas também sou, principalmente,  comediante. E ninguém me proíbe de fazer comédia enquanto estou fazendo  jornalismo. 
Esse é o diferencial do seu trabalho?
É  o grande diferencial da história toda. Às vezes, é claro, têm momentos  no jornalismo que não tem sentido de fazer qualquer tipo de piada e  sequer tenho vontade, mas tenho liberdade para ser eu mesmo em qualquer  um dos veículos, por isso mesmo estou muito feliz.

